Echo, echo, echo(...)

sábado, 13 de outubro de 2012

Toc, toc. Bateu naquela porta como havia batido em tantas outras. Criança, só queria bala para saciar sua fome de doce. Menino, competia com os outros para saber quem arrecadava mais guloseimas.
Atrair pela boca. Uma das fases da infância. A fase oral. O doce na boca escorre a inocência da minha travessura.
 Fui criança, mas desafiei o incerto em uma noite de Halloween.
Doces ou travessuras? Ele, o doce. Eu, a travessura.
- Entre. Tenho muito a oferecer.
Entro com uma cautelosa timidez. 7 anos de idade e muitas balas na mão. Penetro aquela sala escura, vazia e tenebrosa. Dobro à esquerda e deparo-me com um longo corredor igualmente escuro e desabitado. Neste momento, já o perdi de vista.
Silêncio.
O silencio é quebrado apenas pelos passos incertos daquela criança.
Não sei se grito, corro, paro, ou acelero. O meu coração já está disparado o suficiente para causar-me calafrios e provocar-me um estremecer de perna descomunal.
Uma porta se entreabre mais à frente, ao lado esquerdo de mim.
Sigo os meus próprios passos sem controle, simplesmente guiado pela curiosidade do desconhecido.
Desconfio de algo e temo abrir aquela porta que me levará a mais uma das descobertas da vida.
Ouço vozes. Talvez um ou outro sorriso. Talvez um choro de criança.
Congelo. Paro. O coração disparado pelo o medo de ir ou voltar.
Arrisco-me. Aprendi com os heróis que se deve ir em frente.
Vou.
Mais alguns passos e minha mão toca aquela porta entreaberta.
Meus olhos não piscam por medo de aumentar a escuridão.
As vozes quebram o silêncio com o estardalhaço de palavras conhecidas.
- Parabéns a você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida.
Menino travesso. Homem inocente.
- Desconfiei desde o princípio que os meus pais fariam algo diferente este ano.
Algo
SO
BRE
NA
TU
RAL.

[Marly Oliveira em: http://des-tempero.tumblr.com/]

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