Echo, echo, echo(...)

sábado, 30 de janeiro de 2010

À Mayara Guerra.

Quando você fôr bem velha
Morando ainda em frente à casa amarela
Junto àquele gato enjoado, andando sempre miando pasmado
Irá ver nossas fotografias e lembrar-se de meus versos
E verá flores nos cantos entre as sombras no quintal
Será capaz de dizer: jamais sem você conseguirei viver
E eu já estarei morto
Mas meu fantasma deitará sobre o seu corpo,
Pois ao escutar meu nome irá logo acordando
Quando você fôr bem velha, à noite.


- Salvador Rios, Pseudônimo de Narayana.

Esclarecendo a (minha?) escrita

A forma como vivo minha juventude, o momento em que se deu minha tardia formação como o que acho que é ser uma escritora, as mágoas e as chagas abertas em meu peito por não enxergar o mundo como o mesmo filtro das pessoas comuns, ainda vai ser tema muito comentado por mim. - Só sobre isso há muito para ser dito: tem muito pano para manga.
Eu estou, atualmente, bastante satisfeita pela forma como as coisas vêm tomando rumo. Pelo menos uma dezena do que ando produzindo estão veiculando por aqui, e boa parte do que disponibilizo no blog constitui parte de um projeto audacioso com pessoas muito queridas – as quais nunca abracei pessoalmente, mas já amo.

Eu andava meio preocupada como o fato de poder receber o título de autora de segunda linha, mas parei um instante e pensei: que se foda!, afinal, se meu mérito só puder ser encontrado por leitores desajustados, inexperientes (tanto quanto eu) ou por uma juventude que vê na literatura que preparo certas situações parecidas com a realidade em que vivem, que mal haverá? Sei que meus personagens são simples colagens do que acontece ao meu redor, mas não é por isso que deixam de ser elaborados no corpo do texto. - Claro que o forte caráter auto biográfico pode ser encontrado ao longo de quase tudo que escrevo: assisti ou participei de quase tudo mesmo(...) Meus pseudônimos são meus alter egos praticamente não ficcionais.

Não gosto muito de simplicidade aparente. Em contra partida, amo narrar os eventos de forma direta – só me falta dominar perfeitamente as técnicas do fazer literário.
Toda fluência de meus personagens e personas são reflexo de tudo que pude observar ao longo dos anos: minhas verdades muitas vezes são tidas como mentiras extraordinárias. Pensei por vezes num efeito imediato que remetesse ao leitor um texto saboroso, algumas vezes divertido, mas que em seguida fizesse surgir algum tipo de identificação entre quem lê e quem é lido. Gostaria de priorizar os momentos de paz, mas não posso descartar o efeito vigoroso que longas feridas – algumas cujas cicatrizes nunca cicatrizam plenamente – produzem.
Espero que tudo dê certo como tem dado até o momento. Só preciso, talvez, que o tempo seja ágil.

Por fim, deixo os senhores com uma frase que li em Uivo e outros poemas de Allen Ginsberg:

“A suave busca do crescimento, o gracioso desejo de existir das flores, meu êxtase de existir no meio delas.” - trecho de Transcrição de música de órgão.

Recado para Justine

Tudo que havia de bom para que eu temesse perdê-la se foi agora, Justine. Mas isso não é nada.

Você me comia vivo, disso nunca me esquecerei.

Cada vez que me devorava e deixava que eu partisse segura de que eu era seu. Nem imaginavas o que estava por vir: eu não imaginava, Justine. Nunca amei ninguém com quem já não tivesse conversado. Mas eu conversei tanto. E amei tanto que pouco resta de mim.

E pensar que deixei que você me sugasse inteiro alguns finais de semana. E deixei que você aboletasse pétalas em minha boca, Justine: o cheiro era espetacular. Coloquei Dorival Caymmi para você ouvir – você sempre agradecendo o mais frívolo de meus movimentos.

Você é tão fresca às vezes, Justine, tão febril.

Enquanto eu reservava todos os meus outros artifícios sorria. E chorava cada vez que eu vinha e nunca quando eu ia... Você foi um anjo caído em sua própria cama, Justine, e esse filho não é meu.

Acabei de me vestir tarde. - A ressaca me faz querer o que não posso (?).

Justine, querida Justine, infelizmente não poderei estar aqui quando retornares. Vou embora agora com a sensação de dever cumprido, com meus cigarros, minha ressaca e o pensamento repleto do que fazer sabendo que, assim como minha mãe, você também pinta os cabelos.

- Salvador Rios/2009.

Festa estranha bacana com gente esquisita marota. Dias 22/23/24 de janeiro de 2010.

Ontem fui ao noivado mais interessante da minha vida: o meu.
Foi de surpresa, uma surpresa muito boa, na realidade esse noivado foi um golpe de Estado contra tudo que existe de sensato, até a rainha do furico estava por lá no Gringo's Bar.
Minha mãe estava linda. Minha irmã trouxe outra irmã. Conheci muitos amigos do noivo que eu nunca havia visto na cidade. Na noite anterior ao noivado a rainha do furico estava dando em cima do boy Hello Kitty – esse apelido dele é porque ele mal fala tipo como na frase sobre a gatinha Hello Kitty que diz que ela não tem boca porque fala com o coração (affff) - e ele preferiu passear pelo bar de tanta timidez. Acontece que ela, a rainha do furico, ficou com raiva disso, pudera, onde é que já se viu deixar uma dama falando sozinha para dar rolé no bar? O pior é que quando ela chegou em casa ele já havia mandado até convite de amizade para o orkut dela. - Será que ele é retardado? Essa é a pergunta que não quer calar. Hoje a noite já começou bem tumultuada: soube que uma das irmãs não deu para o JP porque ele é “avantajado” e uma louca, amiga do noivo, - pela lógica gostaria de ser a noiva – fez uma bagunça tremenda e deu até polícia. Acho que vou poupa-los dos detalhes, pois ninguém merece saber pormenor de briga de bar.
Esse é o resumo de fim de semana. Sexo, drops e rock in roll! Forever!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pseudo relato

Tinha me despedido no post anterior dizendo que nos encontraríamos apenas próxima semana. Pois é, senhores: não aguentei – que bom.
O texto a seguir é um pseudo poema em formato miniconto relato. Escrevi já faz um tempinho e possivelmente algum dos senhores possa até já havê-lo lido – posso até ter postado aqui mesmo no blog, não lembro (minha memória está um lixo). Bem, eu quis colocá-lo aqui hoje depois de ter lido no blog Freeminds um conto lindo do Armando Moya. Aí lembrei que eu tinha esse que vem logo mais abaixo e pensei: “por que não?” Os textos tratam um pouco sobre esse lance de idade, que vem para todos e que a todos assusta. Espero que gostem, senhores, principalmente você Moya, pois eu adorei o que você escreveu.

“O medo de envelhecer sempre tinha conduzido sua vida para um abismo de cremes anti-rugas e apelos virtuais. Fazia sua prece matinal concentrando suas poucas energias em se visualizar bela. Esquecia-se dos rituais quando admitia um Salvador desleixado e beberrão em sua cama. As perucas e o esmalte vermelho eram parte de uma armadura.

Nunca a compreendi completamente, mas gostava quando cantava e me oferecia uma taça de vinho com a mão direita. - Gostava principalmente da forma como fazia amor – nunca usava uma moda caseira ou rústica ao me receber. Interpretava personagens incríveis, e por vezes pedia que lhe chamasse por outro nome. A primeira coisa que fazia depois de se masturbar, era pedir que lhe lambesse os dedos, estimulando o máximo de mim ao êxtase.

Estava sempre disposta a me provocar, e tentava não transparecer os ciúmes que vez por outra sentia de nossas amigas mais novas. Usava uns perfumes que me entranhavam a alma, e inoculava em meu corpo seu veneno, sabendo ser ela própria o antídoto que eu procuraria mais tarde.
Era vadia. Devassa mesmo.
Depois de anos de convivência cismava em ser minha “mère chère”. Não concordei e ela me deu surras incríveis como prêmio, esgotou-me. Sugou-me com curvas, derrapagens e volúpia.

Gostava de ostentar sua presença magnífica. Pedia para eu tirar minhas roupas enquanto ela tirava as dela. Ela era tão louca, e ninguém jamais desconfiaria disso durante a semana. Sabia curar o meu tédio com montaria sofisticada e massagem. E eu ejaculava de forma realmente incrível. E eu tive outras pessoas que me fizeram sentir assim, mas nenhuma delas usava peruca, nenhuma delas tinha medo que eu reconhecesse uma idade diferente em seu rosto. Falo no pretérito, senhores, mas nem sei o porquê: tudo que eu disse dura ainda hoje.”

- O Melhor Sempre Vem, Salvador Rios.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

segunda edição da Beatbrasilis. RETIFICANDO.

Quem quiser baixar é só clicar aqui: http://www.beatbrasil.blogspot.com
Essa resvista está muito interessante. A galera escreve muito bem.
Estou com dois poemas nessa edição.
Depois eu repasso o link para que se possa baixar a terceira edição, na qual eu tenho dois mini poemas - se bem que acho que esse mesmo link serve para baixar todas as outras edições. Espero que gostem.
Até a próxima semana, senhores.

Obs.:O link para acessar a segunda edição da Beat Brasilis é na realidade um atalho para a terceira edição, senhores. Obrigada pela observação,Sânzio querido!

Nasceu para incomodar, atendendo a pedidos loucos, transmitindo sensações jamais sentidas antes dela. Bela, bela branca de neve, com poderes de mutação incríveis – sobretudo ao usar peruca. E que pernas. Meu Deus! Que pernas as de Justine.
Justine massageia meu ego de macho com olhos atentos. O (que) falo lateja. Meu paraíso completo dentro da boca. E ela não me tem – finge que sim. Pula em mim como uma gata. Está sempre faminta, Justine? Quer uma cerveja? Claro que quer. Ela sempre quer. Não ligo para os seus ardis, Justine, afinal, sempre vou embora ao vestir a roupa.

- Salvador Rios, 2009.


Obs.: Na foto a mulher do meu irmão, Mariana.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Mudança


Estou cansada dessa nossa conversa monossilábica
Hoje quero algo mais urgente
Mais incoerente
Que nos arrebate e lance direto na taça
De molho no vinho
De olho no escuro de tua pele branca
De tua tara em minha anca
Quero uma conversa corporal muda com direito a arrepio
A cama é o círculo que consome as forças vitais
Meu coração é teu delírio de onde extraímos vinhos em vitrais
Rico
Sem consolo
O tempo agora inteiro reza em nossa gana de sentidos
Mas sem fúria
Loucos
Simplesmente.

(Régia Ribeiro-2006)

Obs.: Na foto, Venus de Botticelli por renomados artistas potiguares, dentre os quais Marcelus Bob.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

I know Why the Caged Bird Sings


I Know Why the Caged Bird Sings é o primeiro de cinco volumes da autobiografia de Maya Angelou que vai aproximadamente de 1930 até 1970. Dos cinco livros, é provavelmente o mais popular e criticamente aclamado, lidando com a infância de Angelou, até a chegada aos dezesseis. Em todos os seus volumes o tema é sempre em volta de família, auto-descoberta e maternidade, entretanto em termos de escrita e estilo cada um deles é delineado diferente.

Angelou escreveu esta autobiografia por várias razões e uma delas era que essas lembrançam não sumissem com o tempo. Angelou disse: "alguém precisa falar para os jovens, escute, eu fiz isto e eu fiz aquilo. Você pode encontrar muitas derrotas, mas você não deve ser derrotado." Caged Bird às vezes é considerado uma leitura essencial para estudantes jovens, e está em muitas listas de leitura exigidas; porém, o livro também provou críticas controversas, que por causa de suas representações honestas de sexualidade e a discussão de Angelou sobre ter sido estuprada quando criança, chegou até a ser proibido.

Este livro foi escrito no anos 70, no tempo em que autobiografias de mulheres, principalmente as negras, era um modo de afirmar a importância das vidas de mulheres. O livro de Angelou, embora é direcionado para uma grande audiência, também está preocupado em mostrar as dificuldades de ser negro e mulher na América. Angelou focaliza estes assuntos de tal modo que eles atraem a todos seus leitores a entenderem, e também fala para a audiência particular da classe que ela representa.

Obs.: Informação obtida em "http://pt.wikipedia.org/wiki/I_Know_Why_the_Caged_Bird_Sings"
Obs2.: Na foto a delicadeza do rosto da poeta Maya Angelou. Muito parecida com a nossa bela Zezé Mota, não é, senhores?

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Rome


- Sister, there are no gods.
- Don't be horrid!
- There is doubtless a prime Mover of some sort, but a community of beings that look like us and meddle in our affairs? Highly improbable.

(Otavio & Otavia Julios).

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A BELÍSSIMA MÚSICA DA CHUVA


Sou daquelas que se entrega à companhia das gotas refrescantes que uma boa chuva trás – para lavar a alma. E quando as mesmas gotas tombam no chão (ou em qualquer outra superfície) produzem uma belíssima música.
Com a chuva torrente caindo sinto que posso ser mais companheira e sociável.
Onde moro, as pessoas perderam o hábito de apreciar a chuva: ela agora apenas incomoda, tornou-se inimiga causando enchentes e congestionando o trânsito, como dizem as manchetes nos jornais. Mas eu ainda a amo.
Morar numa cidade onde se tem 300 dias de sol por ano e um litoral com mais de 400 km de extensão, faz com que eu ame ainda mais um bom banho de chuva.
Certamente gosto das paisagens e da rica biodiversidade dos manguezais, lagoas, falésias, dunas, coqueirais, baía, parrachos, piscinas naturais, rios (...) mas é que tudo isso já me é tão comum. E essa tranquilidade exige sombra e água fresca: estou afim de cinema e meias coloridas, música boa e céu estrelado, chocolate quente e boa leitura, edredom macio e pés entrelaçados (...) e olhe que eu tenho tido muita sorte com a parte da trilha sonora, dos filmes e dos bons livros (minha rota gourmet está precisando melhorar, confesso, mas estou preparando um mini roteiro show de bola para explorar coisas que nunca vivi e que sempre estiveram ao alcance de minhas mãos, bastava esticar o braço). Não poderei fazer a viagem para Minas (uma pena) – desculpe Sânzio querido - porém estou verdadeiramente comprometida em ficar bem onde quer que eu esteja, mesmo com muito, muito calor – e pancadas de chuva para me deliciar vez por outra.

Obs.: Na foto capa do livro Cleo e Daniel.

Recomendo ->

Livro: Cleo e Daniel de Roberto Freire.
Música: Duke Ellington e Alice in Chains ao vivo (ambos).
Filme: Avatar 3D (mesmo que os óculos tenham de ser devolvidos depois).

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Que 2010 seja um ano "ím"par


Que 2010 seja um ano ímpar
E que a próxima translação seja, para nós tão sonora e extasiante quanto a voz da Ella Fitzgerald. Bonne année e até o post que vem, pessoal.

BLUE SKIES

Blue skies smiling at me
Nothing but blue skies do I see

Bluebirds singing a song
Nothing but bluebirds all day long

Never saw the sun shining so bright
Never saw things going so right
Noticing the days hurrying by
When you're in love, my, how they fly

Blue days, all of them gone
Nothing but blue skies from now on

Obs.: Na pintura, Dear Ella Fitzgerald do Sam Nhlengethwa.
Recomendo->
Filme: Encaixotando Helena - Boxing Helena com Julian Sands e Sherilyn Fenn;
Livro: Anti-Justine do francês Restif de la Bretonne;
CD: No Rain do Blind Melon.