Echo, echo, echo(...)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Considerações (do ano passado).

 Não consigo saber tudo o que se passa no mundo inteiro e não acho legal essa tendência de hoje. Acho que o bacana mesmo seria que as pessoas selecionassem o máximo possível aquilo que veem e leem. Há pessoas que parecem querer falar sobre tudo – como se fosse possível alguém entender bem de tudo – e acabam se perdendo no meio de uma conversa, pois nem elas lembram sobre o que estavam falando no início. Claro que eu tenho ainda muito disso – notem que me estendo com facilidade ao escrever sobre o que quer que me venha à mente – apesar de estar galgando a elite dos autores, ainda perco muito tempo com informações que, não só me interessam pouco, como não me acrescentam nada. Sofro por ter nascido num lugar com insaciável sede por auto-exposição. Sei que isso é muito provinciano. Mas realmente não consigo ir com calma, vendo o que de fato importa. Meu problema maior é não ter paciência (...) bem, ao menos eu procuro distinguir o atual do conservador. Ora, o que importa é ser governante de si, não se deixar rotular, monopolizar ou rebocar por velhos dogmas, clichês ou hábitos, é estar centrada em mim e não nos outros. As pessoas estão numa corrida desenfreada por informação e isso é deveras ruim. É uma competição onde cada um quer estar mais por dentro que o outro. Sei que ainda não fujo à regra: ainda sou assim, apesar de ficar tonta com esse marasmo de ideias. Sem isso acho que me sentiria deslocada. Resultado: entendendo um pouco de tudo não sei satisfatoriamente de nada! Meu consolo é saber que uma postura mais solitária me faz muito bem quando eu a adoto. E é a que tenciono seguir mais dia menos dia, uma vez que pude perceber com clareza dolorosa que estarei no caminho certo agindo dessa forma para depois de tudo acabar me sentindo perdida, como se Manoel Bandeira virasse o conselheiro do mundo depois que se descobrisse que as passagens pra Parságada estavam esgotadas desde meados do século passado.

Esse texto foi publicado numa sexta-feira, 23 de outubro de 2009.
Já faz quase 1 ano. E tudo que mudou foi a cor do meu cabelo. Ao menos serve para o post de hoje - posso copiar e colar.
para quem não havia lido ainda, boa leitura
e para quem já leu, reconsiderar.




Obs; para ouvir e ver o video (se possível):
Suede "Attitude."

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma poesia rimada que é uma resposta(ou várias)
Escreve-me perguntas de amor e eu leio tudo e não calo.

COMO POSSO PREFERIR(...)

É bom quando é maior o volume de desejo
É melhor quando existe alguma ardência no que vejo
É perfeito quando o (que) falo é suficiente
Fica mais fácil chegar a um estado mais envolvente

É bom quando o parceiro gosta de variar,
Pois gosto de novidade, de praticar 
Enxergando além do mundo comum de um vai e vem
Não há nada melhor que fazer o que se convém

Carinho é bom nos entretantos, por vezes nos finalmente
Gosto de me sentir de carne e osso alcançando um ápice decorrente
Gosto de me sentir arder, de ser invadida, possuída,
Com lentidão preliminar e rapidez no desenrolar

Mas posso preferir o contrário, dominar, comandar, controlar
Depende de pra onde quero "viajar" - depende da luz do luar
Falo (o) necessário, gosto de dor e danos
E também, em dias banais, de consolo por debaixo dos panos

Há dias em que gosto de contado superficial, só beijinhos e mais nada
- Afinal, num elevador, pode aparecer a pessoa errada
Porém, nada me impede de ser impiedosa
- É incrível o poder de alguém que sabe como se goza

Por fim, gosto de voz firme ao pé do ouvido
E não me importa se o dia já tiver amanhecido
Gosto de estar nua, escorregar em devaneios
Gosto de perder os sentidos, de formigamento entre os seios

Mas disso é fácil saber: meu clima é não ligar para o que vai me acontecer
Espero que você tenha entendido o que quis dizer realmente
De pé ou deitada, simplesmente
Sou duas: fúria e calmaria, num só ser envolvente.

(Narayana Ribeiro em resposta ao beat Mauro Mazza - 28/09/10)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

(Re)comendo

 
Para ouvir:
(canção para noites de reuniões agradáveis) "Seda", Lobão e Cazuza;

Para ler:
"Pico na Veia", Dalton Trevisan;

Para ver:
"Dogma Feijoada", Jeferson De;

Para Acessar (e quem sabe fazer parte):
http://fantasticon.com.br

Para beber com os amigos:
Sangria - abaixo segue receita.



Você vai precisar de:
☻1 garrafa de vinho tinto seco
☻1 lata de refrigerante de limão
☻1 dose de licor de laranja
☻1/2 copo de suco de laranja
☻2 maçãs picadas
☻1 abacaxi picado (sem o miolo)
☻1 cacho grande de uvas (tipo Itália) sem sementes
☻cravo da Índia (uns 3)
☻açúcar a gosto
☻gelo picado a gosto

Ponha as frutas numa jarra grande de vidro ou numa tigela, com o açúcar adicione o suco de laranja, o vinho, os cravos, o refrigerante, o licor e o gelo.
Enfeite a jarra com cascas de laranja e limão e beba até sorrir.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Cedo da tarde.





Estava quieto tentando concluir meu relatório, quando ela entrou.
A gente se olhou. Eu sorri despretensiosamente.
Ela desabotoou o blazer, colocou as mãos na cintura e pôs-se a pensar.
Ia perguntar se queria se sentar, e ela, sem pedir licença, passou em volta da mesa, pendurou-se em meu pescoço, beijou minha boca e foi deslizando, até se aninhar entre minhas pernas e ficar por ali,  abrindo boca e zíper, cuidando de tudo.
Doida. Em tempo de o chefe entrar.
A doida foi embora me fazendo recorrer ao banheiro do escritório (como se eu tivesse 15 anos).
Eu não entendi nada - mas também pra que entender tudo, né?
Eu tinha o número do telefone dela.
Essa seria uma outra noite mal dormida.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

E desta vida, afinal o que importa?


Saber do vício feliz.

Que existe uma alma, cujo destino está vinculado ao seu e que todo mal resolvido se resolve com o segundo telefonema.

A razão é sempre submetida pelo amor que não tem razão – nem a percebe impressa em gestos.

Parar para pensar.

A luz forte ilumina minha camisa de ousadia."Ora, vá: acenda um cigarro e fume o silêncio".

Vejo a porta se abrir e pressinto o afago emergencial que se aproxima: “A juventude tem fim,” a fraude não.

Sua cantoria neurótica para embalar o momento, faz Helena Ignez permanecer lógica.

Observar suas variações corporais. Tentar resistir-lhe e desistir.

Esconder o rosto pleno de satisfação. Conservar-te na claridade.

A fraude não tem fim. O capeta entrou pela porta e eu o abracei.

Agora, recupero-me de uma lesão nos pulsos. Mas para que isso serve?

Coisas do coração. Quem se importa com isso?

Sirvo-me de mais uma taça de exaustão. Aguardo, enquanto o fingimento descansa, que o sonambulismo aconteça. - Quem sabe, entre uma confissão e outra, possamos estourar nossas cabeças com tiros de festim e auto piedade.

E desta vida, afinal o que importa?

Fazer aliados.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Fonte: Blog Pequenos Delitos.

Ficou bem real, não é?
Ficou exatamente como deveria:
tentadoramente bela!
Às vezes penso que ela pode voar.
Mas ela apenas me olha.
Apenas me olha.
Olha-me tanto com esse olhinho apertado -
e quando esse olho apertado me olha ah,
Deus, alguma coisa em mim molha.

                             - Salvador Rios.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Furacões e ilusões são as lembranças
na festividade violenta
do último encontro íntimo,
quando você, muito próxima, bateu com a cabeça na minha
e vomitou todo o vinho barato no lençol branco de algodão.
Furacão de gestos e ilusões caras, nossa vingança contra
nós mesmos,
uma conclusão rápida em cima da cama.
Depois de tudo, a sucessão de noites insones,
perambulando num doce enigma febril,
como num hospício, cálido pelo alvorecer.
Então, como num pesadelo, os olhos se abrem
verificando o cinza chumbo no céu da realidade.


Foto: ver em google: Postes na Rua do Hospício.                                 

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Romance.


Foto: Google imagens.

Paula era o tipo de mulher de meia idade que despertava o interesse de Daniel. Ela era o tipo normal de mulher: usava maquiagem para disfarçar as imperfeições que o tempo cedo ou tarde causa.
Daniel gostava de mulheres que não aparentavam desespero ao ser observadas, além do mais Paula nunca prendia os cabelos.
Ele pediu que o garçom entregasse o bilhete e uma taça de vinho e eles foram para casa entusiasmados.
Daniel sentiu um pouco de desconforto ao notar o quão sensual ela era em comparação a ele que já não estava no auge sem as roupas (ao menos seu membro encontrava-se a toda dentro das calças: ele sabia que ela o desejava, senão não estaria com ele, não é?). Ela tomou um banho curto e pediu que ele aguardasse, pois tinha verdadeira paixão por homens com o perfume misturado ao suor. Quando ela voltou, ele pôde constatar como o corpo dela era lindo, a pele lisa e limpa, os pêlos arrepiados, os movimentos curtos... como ele a desejava apesar de tê-la sempre por perto?
Quando ela abriu as pernas ele fechou os olhos, bem podia jurar que sentiu um cheiro de flores. Ao abrir os olhos teve a sensação de estar diante de uma orquídea, uma orquídea de pétalas rosadas. Ele a beijou com doçura, depois lambeu de um extremo ao outro verificando que o suco vaginal de Paula era adocicado. Ele beijou-lhe mais uma vez, sugando o mel que escorria pelas pétalas, esfregou o rosto lentamente e lançou-se com toda sua experiência na arte de fazer uma mulher feliz através da carne. O gozo fez Paula tremer inteira. Ela pegou Daniel pela mão e o levou até o pequeno banheiro. Lavou-o com cuidado exagerado.
Ajoelhando-se, concentrou toda sua energia no ato da felação, como se tivesse nascido para isso. Daniel enlouqueceu de prazer. Antes que ele gozasse ela laçou a cintura dele com uma das pernas – fariam de tudo para escapar da rotina – iniciaram uma dança parecida com um bater de estaca. Foram para a cama ainda molhados e Paula deixou que ele ejaculasse em cima dela.
Acordaram um pouco atrasados para o trabalho. Daniel tomou uma xícara de café e Paula comeu uma fruta.
Ah, essa vida de casado ainda ia acabar com eles.

- Justine Febril.

Obs.: acho que já havia publicado esse conto há tempos, mas ao ler o último post do querido Moya, não resisti e fui fuçar meus arquivos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Franca existência


Na foto: Narayana Ribeiro.
Estava distante, mas não completamente afastada de seus pensamentos fúteis. Mantinha uma atitude entre amistosa e desconfiada em relação aos que se aproximavam. De um lado sentia-se bem, especialmente entre os abraços e cortejos que lhe eram distribuídos por aqueles corpos considerados os depositários da melhor tradição do Conde de Rochester. De outro, embora admirasse, também desconfiava da sofisticação das ações e da intelectualidade, do ar superior e cético com que conversavam esses mesmos corpos nas reuniões regadas a vinho.
Perdia-se entre leituras e artigos para jornais, e desenvolvia atividades propriamente acima das divergências: insinuava que estavam todos sempre errados. Pose ou não, mantinha sempre esse comportamento.
Sentia-se bem disposta, punha-se ao trabalho, tranquila, absolutamente certa de ser uma pessoa livre. Admitia que se tratava de uma sensação insólita, já que todos estão presos a algo de uma forma ou de outra.
Foram pequenos acontecimentos, detalhes talvez sem maior importância. Mas que revelam o clima em que ela vivia. Na verdade, desde de sua nascença, em julho, trinta anos antes, os diversos setores da vida dos que a conheciam estavam sempre numa progressão de boas ocorrências, unificando os mais diferentes círculos em torno dela, e cuja pretensão só poderia estar mesmo em continuar sendo a própria sentença de “viva e deixe viver.”
Passava os dias desapercebida de que era vulnerável exatamente na sua grandeza, nos seus escrúpulos, no que tinha de mais civilizado e mais nobre: sua coerência.
Depois, esquecendo-se de quem era, apaixonou-se sem entender que mesmo sendo justa e obedecendo suas próprias vontades, não deveria se jogar aos pés de outra pessoa. Dessa forma não seria correspondida. O amor não-recíproco não respeita nenhuma barreira, subjetiva ou objetiva. Em termos de “eficiência”, a luta é por demais desigual, porque sempre são desiguais as armas que um e outro se dispõem a utilizar. Em suma, nesses casos, sempre vence o pior.
Deixou as argumentações arrasadoras de lado e justificou seus atos, cheia de ironia e perplexidade.
Apaixonou-se tolamente e teve a honra reduzida a pó. Sua concepção de como levar avante o amor que sentia e pôr em prática a forma como deveria agir, eram incompatíveis.
A revolução a que seu coração era submetido era permanente, sem pausas, sem compromissos lúcidos, sem composições hábeis, com uma postura submissa e pequena: foi pega de jeito, de forma avassaladora. E por esse mesmo motivo, não hesitou em meter uma bala na cabeça quando teve a chance.
Seria sem cabimento indagar, finalmente, até que ponto o amor não-correspondido pode perturbar alguém, com suas inconveniências e suas pregações inexatas, e até que ponto o alvo de um amor assim deliberadamente não enxerga um perigo real que justifique cautela para uma possível ação violenta e repressiva.
Manteve-se artificialmente viva durante semanas, antes de se matar, tornando-se a grande traidora da própria causa, o anjo caído, a grande inimiga, fazendo do amor não-correspondido o eterno pretexto dos fracos para exercer cada vez mais a fundo a inconsequência final junto a própria existência.




Talvez continue(...)*

Miss you guys!

Someday there'll be a cure for pain
That's the day I throw my drugs away

 

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O dever está sempre em primeiro lugar.


Na foto: Radharani Morena.
Juliana não sentia o fogo da paixão crepitando dentro dela... chorava quando assistia a Meg Ryan nos filmes “mela cueca” não porque estivesse apaixonada, mas justamente pelo fato contrário. Quando seu marido a procurava para fazer amor, ela se escondia, dava uma desculpa, mas quando não tinha jeito, ela rezava para que ele terminasse logo. Era a própria Emma Bovary: desejava largar tudo e ir em busca de diversões urbanas que ela imaginava e que nunca eram concretizadas, um grande amor, uma cara metade que a fizesse querer morar numa casa de palha, mas que tivesse dinheiro e inteligência suficientes para não fazê-lo. Juliana queria acordar um dia e sair de casa sem dizer nada, simplesmente sair com a roupa do corpo. Mas ela não queria ser apontada na rua como a mulher que se separou do marido e arrumou outro logo em seguida, isso seria mortal para ela: “vejam, lá vai a separada!” se escutasse alguém dizer isso ela tombaria desacordada e duvidava que pudesse levantar-se por pelo menos dois dias inteiros. Não podia agir como uma mulher de hábitos pouco louváveis e de ostentação moral falsa. Era um querer x fazer, onde o querer sempre ganhava e o fazer era sempre reprimido.
Ela queria ter filhos e não sabia quando, ela queria sair por aí, mas não sabia como...
pobre Juliana: mais indecisa que isso impossível. Nunca foi dona de seu próprio destino. Pensava somente em se não conseguiria mais se apaixonar. E se as pessoas realmente a apontassem e a julgassem sem piedade por ter abandonado o lar?
Juliana não se sentia feliz e nunca deixaria o marido.
- Régia Ribeiro.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Coração desnudo (trecho)

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a postagem.

Poem


Today don't sleep
I'll sit in front of you and
look at your face as who sees an appearance admirable
I will touch your skin and
I will go to hear your sweet breath
I will be your sigh, your suplication, your chance

Talk to me about yourself
Talk about yourself as who begs
Cry out for me as who cries for a love
as who laments a hurt

Talk about yourself as who sing the day
as who hugs the time
as who has a passion

Talk to me about yourself and
I will be lost in our ugly divine world.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

(Re)comendo


Para os maiores de 18:
http://camilapequena.blogspot.com

Para obter recomendações cinematográficas:
http://viragemapresenta.blogspot.com

Para ouvir:
"Alfonsina y el mar" na voz de Mercedes Sosa

Para ler:
A Onda, Manuel Bandeira

Para assistir:
The Squid and the Whale (A Lula e a Baleia), 2005.