Echo, echo, echo(...)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Meu Desabafo Alheio




Percebi que aquela garota sempre conversava olhando para os lados
Abraçava olhando para os lados
E, dependendo de quem estava olhando em sua direção,
Adoçava as palavras que saíam da boca
Ou dava gargalhadas jogando de leve a cabeça para trás
Perguntei pra quê todo aquele teatro
E ela fingiu não saber do que eu estava falando
Eu disse, meu bem, não se iluda e nem tente iludir
É trabalhoso e no final não dá em nada
Mostramos quem somos cedo ou tarde
Cumprimente as pessoas com vontade
Abrace com carinho real
Converse prestando atenção a quem está na sua frente
Mesmo porque, não importa quem está ao redor
Muito menos quem não está
Não importa se estamos vendo alguém
Sempre tem alguém nos vendo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

 Fico aqui sorrindo.
Confortável.
Basta ficar paradinha para o mundo ficar como está.
Daí eu lembro que tenho de viver.
Para isso, produzir.
Então eu preciso estudar muito ainda:
danço,
desenho,
pesquiso,
escrevo,
ensino,
aprendo,
sei de tudo,
mas nada completamente.






Snujs: quem disse que é fácil?
Se não praticar desanda.
Como todo o resto.


http://www.youtube.com/watch?v=afuSDHoLTvE

quinta-feira, 22 de novembro de 2012





Narayana. Deus em forma humana para os hindus.
Certamente esse significado contribuiu no que diz respeito a qualquer pretensão ou arrogância percebida em alguns de meus gestos:
 não percebo a vida como ela é, mas assim como eu sou
Tento não chicotear os que me tratam com doçura
Sigo de encontro aos que voam
(O dia fica claro quando há a consciência mútua do ser)?
Resolvo aparecer
Como um amor inacabado que adormece
De qualquer forma
De tempos em tempos
Eis-me aqui
Absoluta
Tudo isso, de encontro ao vento, pode mudar mundos
- Às vezes, em muitas horas, desisto de qualquer coisa
Penso, reflito, sumo, inexisto
- E tem mesmo esse tal bichinho que rói
Cuidemos de viver sem as dores que nunca passam
Por quê?
Por amar.

domingo, 18 de novembro de 2012


Tá na hora de fazer a lavagem cerebral e desfazer a lavagem cerebral anterior
Que a máquina da indústria cultural lhe injetou e você nem percebe e ainda grita viva
Achando que a massificação que você "veve" é inofensiva.
Você prefere operar fato eletracelha de pentelha, mas se o peixe morre pela boca
O burro morre pela orelha, porque é uma ovelha
Maria vai com as outras, escuta qualquer merda, engole, cala a boca
Como um telespectador ouvinte ou leitor passivo
Você tem certeza que você tá vivo? 
Ah, você acha que sim porque consegue rir
Quando ouve música de piada que não diz nada por aí
Eu também sou jovem e também me divirto
Mas não vivo de palhaçada porque eu não tô no circo
Se você quer dar gargalhada procure um palhaço
Se a sua cabeça não serve pra nada e o seu cérebro tem cabaço:
2014 tá aí
Estoura essa virgindade mental
Ou pede uma chupeta no próximo natal!

(retirado de uma propaganda de rádio).

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Gramática Algébrica de Coisa Alguma




http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues


Chegam uns perguntando por outros.
Saído do nada, Ninguém dá de cara
com a sombra de Alguém.
 (...)

Uma impossibilidade matemática que em nada nos inquieta por achar ângulos críticos onde só há difração.

É quando a inquieta rosa-dos-ventos
enfim floresce no encantado jardim
cercado de agoras, ontens, amanhãs
em meio a coloridas e perfumadas
flores algébricas(...)

É. E é exatamente por isso que em minhas inspirações muitas vezes de demonstrações fúteis falo - de mãos atadas, de cabelos soltos, garganta acanhada, cheia de sorte, tudo o mais que mantenha voz livre de morte.

Assim a soma de Todos
resulta num menos-um que,
constituindo o Dividendo,
transforma em zero o Divisor
fazendo com que tudo 'tenda'
para o infinito(...)

- embora haja o argumento sintático de inquietar ser um verbo intransitivo, nada nos impede de, parafraseando o que floresce no encantado jardim, achar objetos indiretos onde só há adjuntos adverbiais.



- Max Hedon & Narayana Ribeiro.

sábado, 10 de novembro de 2012

Em Junto

















Alcancei o que pude com minhas mãos roídas
Alcancei o que quer que se mexesse em baixo de meus pés
Consagrei o que se movia por trás da fumaça
Consagrei o tempo parado em volta de mim
Saboreei-me com versos criados por alguém e
Calei-me com versos citados com desdém quando
Raspaste minha dignidade do chão e
Mataste minha desesperança então
Sabotei-me os escritos nas horas vagas e
Cansei-me das mensagens de amor entre horas escolhidas quando
Rastejaste como animal no cio e
Marcaste minha alma a ferro e
Senti-me com o enjoo dos que fodem com coragem e
Coloquei-me entre aqueles que fogem com ousadia quando
Rimas-te tua nobreza com minha santidade e
Mentiste-me tuas obras e ações futuras e
Sentei-me nos bancos das praças para ver o tempo passar e
Concordei-me com os mendigos carinhosos, mas
Ri-me de mim quando caí mesmo sabendo que
Mexeste em meus bolsos e
Sorri-me com alegria verdadeira quando te vi chegar e
Consolei-me com falsa modéstia quando
Roncas-te de sono e cansaço e
montaste em meu lombo fazendo de mim melhor do que sou e
Sondei-me com afinco exagerado e
Compliquei-me exasperadamente quando
Rumaste para lugar nenhum numa quarta-feira e
Morreste com tua encenação contraditória e
Não achei nada além de mim
Não achei algo além de ti
Não busquei nada além do que tinha
Não busquei o tudo dentro do que já havia.

- Salvador Rios

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Parafraseando Caio Fernando Abreu

Na foto: Pepper, Narayana e MaGrace.















"Anota aí: 
desapegar das coisas; 
se importar menos com o que é de menos; 
não se abalar por nada, porém por alguém pelo menos duas vezes na vida; 
correr atrás do que faz o coração tum tum; 
levar quem te quer bem contigo; 
alcançar sonhos; 
amar viver; esquecer o que entristece depois de chorar um pouco. 
Anota aí: 
celebrar o que pode ser real."
 

  - Caio Fernando de Abreu parafraseado.