Echo, echo, echo(...)

sábado, 10 de novembro de 2012

Em Junto

















Alcancei o que pude com minhas mãos roídas
Alcancei o que quer que se mexesse em baixo de meus pés
Consagrei o que se movia por trás da fumaça
Consagrei o tempo parado em volta de mim
Saboreei-me com versos criados por alguém e
Calei-me com versos citados com desdém quando
Raspaste minha dignidade do chão e
Mataste minha desesperança então
Sabotei-me os escritos nas horas vagas e
Cansei-me das mensagens de amor entre horas escolhidas quando
Rastejaste como animal no cio e
Marcaste minha alma a ferro e
Senti-me com o enjoo dos que fodem com coragem e
Coloquei-me entre aqueles que fogem com ousadia quando
Rimas-te tua nobreza com minha santidade e
Mentiste-me tuas obras e ações futuras e
Sentei-me nos bancos das praças para ver o tempo passar e
Concordei-me com os mendigos carinhosos, mas
Ri-me de mim quando caí mesmo sabendo que
Mexeste em meus bolsos e
Sorri-me com alegria verdadeira quando te vi chegar e
Consolei-me com falsa modéstia quando
Roncas-te de sono e cansaço e
montaste em meu lombo fazendo de mim melhor do que sou e
Sondei-me com afinco exagerado e
Compliquei-me exasperadamente quando
Rumaste para lugar nenhum numa quarta-feira e
Morreste com tua encenação contraditória e
Não achei nada além de mim
Não achei algo além de ti
Não busquei nada além do que tinha
Não busquei o tudo dentro do que já havia.

- Salvador Rios

Nenhum comentário:

Postar um comentário