Echo, echo, echo(...)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Pseudo relato

Tinha me despedido no post anterior dizendo que nos encontraríamos apenas próxima semana. Pois é, senhores: não aguentei – que bom.
O texto a seguir é um pseudo poema em formato miniconto relato. Escrevi já faz um tempinho e possivelmente algum dos senhores possa até já havê-lo lido – posso até ter postado aqui mesmo no blog, não lembro (minha memória está um lixo). Bem, eu quis colocá-lo aqui hoje depois de ter lido no blog Freeminds um conto lindo do Armando Moya. Aí lembrei que eu tinha esse que vem logo mais abaixo e pensei: “por que não?” Os textos tratam um pouco sobre esse lance de idade, que vem para todos e que a todos assusta. Espero que gostem, senhores, principalmente você Moya, pois eu adorei o que você escreveu.

“O medo de envelhecer sempre tinha conduzido sua vida para um abismo de cremes anti-rugas e apelos virtuais. Fazia sua prece matinal concentrando suas poucas energias em se visualizar bela. Esquecia-se dos rituais quando admitia um Salvador desleixado e beberrão em sua cama. As perucas e o esmalte vermelho eram parte de uma armadura.

Nunca a compreendi completamente, mas gostava quando cantava e me oferecia uma taça de vinho com a mão direita. - Gostava principalmente da forma como fazia amor – nunca usava uma moda caseira ou rústica ao me receber. Interpretava personagens incríveis, e por vezes pedia que lhe chamasse por outro nome. A primeira coisa que fazia depois de se masturbar, era pedir que lhe lambesse os dedos, estimulando o máximo de mim ao êxtase.

Estava sempre disposta a me provocar, e tentava não transparecer os ciúmes que vez por outra sentia de nossas amigas mais novas. Usava uns perfumes que me entranhavam a alma, e inoculava em meu corpo seu veneno, sabendo ser ela própria o antídoto que eu procuraria mais tarde.
Era vadia. Devassa mesmo.
Depois de anos de convivência cismava em ser minha “mère chère”. Não concordei e ela me deu surras incríveis como prêmio, esgotou-me. Sugou-me com curvas, derrapagens e volúpia.

Gostava de ostentar sua presença magnífica. Pedia para eu tirar minhas roupas enquanto ela tirava as dela. Ela era tão louca, e ninguém jamais desconfiaria disso durante a semana. Sabia curar o meu tédio com montaria sofisticada e massagem. E eu ejaculava de forma realmente incrível. E eu tive outras pessoas que me fizeram sentir assim, mas nenhuma delas usava peruca, nenhuma delas tinha medo que eu reconhecesse uma idade diferente em seu rosto. Falo no pretérito, senhores, mas nem sei o porquê: tudo que eu disse dura ainda hoje.”

- O Melhor Sempre Vem, Salvador Rios.

5 comentários:

  1. E assim como Edson Marques, também irei ver o sol nascer na praia daqui a pouco.

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  2. Muito boa as revistas. Legal esse espaço que eles dão e parabéns pelos belíssimos textos.

    Aliás, nem sabia que você era o Salvador Rios.

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  3. Aliás, ÓTIMO TEXTO. Só hoje li com mais calma.

    "A primeira coisa que fazia depois de se masturbar, era pedir que lhe lambesse os dedos, estimulando o máximo de mim ao êxtase." -> essa parte é poesia pura.

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  4. Baseado nesse trecho eu fiz um texto novo.

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  5. Te falei que excelentes escritores andam virtualmente pelo mundo sem dever a nada nem ninguém a um passado deificado por meia dúzia de formadores de opinião. Ótimo.Nabuco

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