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Imagem: Vitor Bauer. |
Um brinde a essa cidade em que nasci pelos seus 413 anos. Uma cidade bonita, morna,
agradável e elogiada em todos os lugares por onde passei. Cidade de grande
importância quando o europeu saiu de suas terras para explorar tudo que
podia -
razão da qual os primeiros habitantes deste país não habitarem nossas
terras; já foi Nova Amsterdã (Nieuw-Amsterdam) depois da ofensiva
holandesa para não perder o monopólio da cana-de-açúcar devido a União
das Coroas Ibéricas; capital Espacial, entreposto importante para a
vitória aliada na 2ª Guerra Mundial sobre o Eixo Hitlerista; cidade de
Câmara Cascudo, Auta de Souza, Henrique Castriciano, Zila Mamede, Nísia
Floresta, Racine Santos, Nei Leandro de Castro, Zé Saldanha entre tantos
outros nos quais deveríamos nos orgulhar (não aqueles "cidadãos
natalenses" que exportamos, geralmente nem merecem atenção).
Infelizmente gerida por bandidos que festejaram com mesa farta nos
arredores de Areia Preta e similares de especulação imobiliária não
menos proporcional (estendendo-se a bares, eventos, restaurantes e
qualquer outro tipo de prestação de serviçoes/comércio que seja possível
superfaturar na cara dura - na maioria das vezes os mesmos também são
os proprietários). Sinto apenas vergonha dessa nossa atual realidade. No mais, apesar dos pesares, eu amo esta terra, mas a cada
dia que passa eu percebo que meu lugar não é aqui. Vai entender...
Parabéns Natal! Pelo menos ao que ainda resta de ti.
(@Ramon Gurgel)
"Tem um rio e tem o mar.
Cinemas. Autos.
Sal de Macau. Algodão do Seridó.
Cera de carnaúba. Couros.
Açúcar de quatro vales largos e verdes.
O pneu amassa o chão vermelho
dos comboios lerdos, langues, lindos.
Poetas.
Morros, areias, orós, mangues,
siris e aratus grudados nas pedras.
Centros operários.
Cidade pintada de sol
com uma alegria de domingo.
À noite, pesca de aratu com facho,
nas praias longes de Areia Preta.
Cajueiros. Coqueiros. Mongubeiras.
Bailes do Natal-Club.
Luar impassivelmente romântico.
Serenatas.
Bó-nito! Grog à frio.
Magestic, Anaximandro, Cova da Onça.
Bonds. Auto-Omnibus subindo.
Pregões.
Por cima das casas, zunzeiam, ronronantes e zonzos,
motores roncando no caminho sem rastos dos aviões."
(Cidade do Natal do Rio Grande - Luís da Câmara Cascudo)
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