Echo, echo, echo(...)

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Imagem: Vitor Bauer.
Um brinde a essa cidade em que nasci pelos seus 413 anos. Uma cidade bonita, morna, agradável e elogiada em todos os lugares por onde passei. Cidade de grande importância quando o europeu saiu de suas terras para explorar tudo que podia - razão da qual os primeiros habitantes deste país não habitarem nossas terras; já foi Nova Amsterdã (Nieuw-Amsterdam) depois da ofensiva holandesa para não perder o monopólio da cana-de-açúcar devido a União das Coroas Ibéricas; capital Espacial, entreposto importante para a vitória aliada na 2ª Guerra Mundial sobre o Eixo Hitlerista; cidade de Câmara Cascudo, Auta de Souza, Henrique Castriciano, Zila Mamede, Nísia Floresta, Racine Santos, Nei Leandro de Castro, Zé Saldanha entre tantos outros nos quais deveríamos nos orgulhar (não aqueles "cidadãos natalenses" que exportamos, geralmente nem merecem atenção).

Infelizmente gerida por bandidos que festejaram com mesa farta nos arredores de Areia Preta e similares de especulação imobiliária não menos proporcional (estendendo-se a bares, eventos, restaurantes e qualquer outro tipo de prestação de serviçoes/comércio que seja possível superfaturar na cara dura - na maioria das vezes os mesmos também são os proprietários). Sinto apenas vergonha dessa nossa atual realidade. No mais, apesar dos pesares, eu amo esta terra, mas a cada dia que passa eu percebo que meu lugar não é aqui. Vai entender...

Parabéns Natal! Pelo menos ao que ainda resta de ti.
(@Ramon Gurgel)

"Tem um rio e tem o mar.
Cinemas. Autos.
Sal de Macau. Algodão do Seridó.
Cera de carnaúba. Couros.
Açúcar de quatro vales largos e verdes.
O pneu amassa o chão vermelho
dos comboios lerdos, langues, lindos.
Poetas.
Morros, areias, orós, mangues,
siris e aratus grudados nas pedras.
Centros operários.
Cidade pintada de sol
com uma alegria de domingo.
À noite, pesca de aratu com facho,
nas praias longes de Areia Preta.
Cajueiros. Coqueiros. Mongubeiras.
Bailes do Natal-Club.
Luar impassivelmente romântico.
Serenatas.
Bó-nito! Grog à frio.
Magestic, Anaximandro, Cova da Onça.
Bonds. Auto-Omnibus subindo.
Pregões.
Por cima das casas, zunzeiam, ronronantes e zonzos,
motores roncando no caminho sem rastos dos aviões."

(Cidade do Natal do Rio Grande - Luís da Câmara Cascudo)

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