Echo, echo, echo(...)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Considerações inoportunas

Tudo que amamos é assassinado pelo tempo.”
Na foto: Blondie Narayana.

Este é realmente um conceito, digamos, racional deveras. Mas, se para alguns, existir é sentir dor e verter sangue, então neste caso, o tempo nada mais é que um amigo, levando embora o sangue e a aflição dessas gentes que são milhões de revolucionários mudos, que falam com o respaldo dos lascivos cruéis, falam com a tez impassível e a lucidez tranquila dos que sentem intensa harmonia de serem quem são, que vivem em lugares onde cada coisa é plena e sem choques ao menos uma vez por dia.
Há quem pense que a vida é doce  e justa – decerto que sou dessas que sabem que a vida é boa. Quanto a ser justa(...) bem, aí são outros quinhentos.
O fato de haver doçura na vida, o desejo de contemplar, o desejo de se alegrar com a própria existência, tudo isso faz com que a cadência e a harmonia estejam certas no momento certo, movimentando forças extraordinárias que podem despertar qualquer sentimento, inclusive o de excitação nos momentos mais arriscados. Porém, como dizia Edson Marques: “Só quatro tipos de pessoas veem graça na loucura: os sábios, os poetas, os deuses – e as mulheres apaixonadas.”
Então, o tempo é assassino, sim. Ele tem o rosto que jamais teremos enquanto o temermos, enquanto não aplacarmos definitivamente a fera dentro do homem. Mas, senhores, vocês pensam que falar sobre isso adianta alguma coisa? Todo esse blá blá blá exige demasiado esforço, exige disciplina, coerência. Expor pensamentos exige que se tenha uma excelente reserva de energia, do contrário você não aguenta esperar que o tempo amigo aja. E é uma sensação triste a de se saber que se fez algo em vão. Se se pode viver e caminhar em espírito, por quê não um espírito bom?
Sim, senhores, viver pode ser uma loucura. O tempo é assassino, sim, senhores. Mas, a vida, ah, a vida é doce. Doce, doce, doce.

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