Echo, echo, echo(...)

quarta-feira, 10 de julho de 2013


Na foto: olhos de Narayana.

A porta dava para o encontro agendado.
No quarto a atmosfera era de sujeira, de mofo, de abandono, contrastando com o assassino que sonhava seduções e esperava sentado.
Meus olhos passeavam pelos cantos do espelho evitando o centro dele (por que tudo isso se o trato mental nem era o de permanecer pelos cantos)?
O quarto confluía para os meus olhos, que o recepcionavam – em todo aquele desconforto – e o mandavam obstinadamente de volta num revirar magistral.
Os olhos do mundo eram meus como minha própria linguagem.
Os olhos eram o centro de tudo falando em silêncio: muito bem, muito bem.
Restava fitar a própria obra, abrigar a sujeira que emanava ao redor.
Constatação tardia: não era o quarto sujo, eram os olhos do mundo.
Não dava para distinguir a loucura nas ações, nessa ode à violência das exposições, onde trabalhando como bailarina, sem pretensão, fuzilava com os olhos em fogo.
O fogo não era o foco.
E não era necessário reconhecê-lo como mensageiro.
Mas havia aqueles encontros às vezes.
Quando acontecia, era caos (...)
E fúria para os dias de perdão.

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