Na foto: olhos de Narayana. |
A porta dava para o encontro agendado.
No quarto a atmosfera era de sujeira,
de mofo, de abandono, contrastando com o assassino que sonhava
seduções e esperava sentado.
Meus olhos passeavam pelos cantos do
espelho evitando o centro dele (por que tudo isso se o trato mental
nem era o de permanecer pelos cantos)?
O quarto confluía para os meus olhos,
que o recepcionavam – em todo aquele desconforto – e o mandavam
obstinadamente de volta num revirar magistral.
Os olhos do mundo eram meus como minha
própria linguagem.
Os olhos eram o centro de tudo falando
em silêncio: muito bem, muito bem.
Restava fitar a própria obra, abrigar
a sujeira que emanava ao redor.
Constatação tardia: não era o quarto
sujo, eram os olhos do mundo.
Não dava para distinguir a loucura nas
ações, nessa ode à violência das exposições, onde trabalhando
como bailarina, sem pretensão, fuzilava com os olhos em fogo.
O fogo não era o foco.
E não era necessário reconhecê-lo
como mensageiro.
Mas havia aqueles encontros às vezes.
Quando acontecia, era caos (...)
E fúria para os dias de perdão.
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