Echo, echo, echo(...)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Homem que Odiava Compromisso (5 trechos).

http://www.progressiveart.com/rut_alla_breve.shtml



Estava habituada com o anti convencionalismo de Samir, mas só Deus sabe o que eu havia passado para aceitá-lo e compreender que ele é o que é: peso! Samir é peso!!!(...)
(...)Anti-convencional, impulsivo, repulsivo, bonito, muito bonito e verdadeiro – tanto que machucava.(...)
(...)na véspera do meu aniversário Samir me aparece com uma puta feia e viciada em pó em cima da cama. A puta tinha a boca torta e vestia a camisa dele. Ele estava deitado com a bermuda aberta e o pau para fora.
Eu disse “puta que pariu, Samir!” tentei escrachar com a situação mas ele estava tão bêbado que eu cheguei a pensar que ele talvez não tivesse escutado merda nenhuma do que eu dizia, então ele veio com aquele discurso imbecil de que já tinha me avisado que era daquele jeito. Eu disse “realmente você me avisou, e me avisou também que passaria a semana do meu aniversário comigo.” Eu estava com a cabeça a mil por hora, mas consegui, sei lá como, não gritar nem chorar.
Ele disse para eu não engolir corda, disse que a puta – que se chamava Juliete – havia apenas ficado no “hand job” e disso não tinham passado porque ela queria dinheiro e ele não o tinha. Caralho, caralho grande de asas, vontade de matar, vontade de gritar aos berros e vontade de comprar a puta, só para poder descontar nela o que não poderia descontar nele.(...)
(...)Ele vivia dizendo “Você acha que o meu mundo é o seu mundo, Gabi?!” ou então “Você acha que o seu deus é o meu deus?”(...)
(...)Eu estava sempre com raiva da conduta de Samir, até que um dia percebi que ou eu estava com ele e faria parte de tudo aquilo, ou dava as costas e não faria parte de mais nada, ia embora de uma vez, e foi aí que eu aprendi a fingir que não me importava, e comecei a fingir tão bem que no final, até eu mesma pensava que não me importava de verdade. Primeiro achei que era louca de tentar manter um relacionamento sadio com alguém como ele. Todas as pessoas que eu conhecia me diziam que eu iria acabar me ferrando feio. E eu lá fingindo aceitar tudo numa boa e crendo que era realmente o que eu sentia. Meu fingimento trouxe consigo a minha crença de que o mundo era doce.
Quatro semanas depois de eu haver adotado essa conduta Samir me propôs que morássemos juntos. Céu azul anil, peixinhos dourados num aquário gigantesco, vida, vento e brisa, sol e brisa e a voz de Samir ao pé do ouvido durante um abraço de três segundos.


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