***Ensejo de recanto perpendicular.*** (So, is there any word out of this dream? The words are inside you, my friend, and they're looking for you).
Echo, echo, echo(...)
terça-feira, 29 de junho de 2010
Meu senhor,
eu quero te agradecer por haver me dado silêncio e falso conforto destruindo-nos ambos inteiramente
Seguiremos abandonados, recordados, refeitos. Iremos separados pelo senso de direção.
Não poderemos descansar um no ombro do outro, meu senhor.
Não poderei mais sorrir para tuas palavras caindo da boca uma a uma, tristonhas, hesitantes.
Lembrarei de sua fortaleza cintilante envolvida em teias mentirosas na cama alcoviteira, afogando nosso torpor genuíno, executando os ritos mais poderosos.
O que existiu de paciência e paixão - nossas bocas que se juntavam, loucas - meu coração agora teima em dosar com orgulho e preguiça.
Não poderei mais mudar o que se reverteu, nem te dar meus braços de outros tempos.
Fui uma mulher que se fez obediente e tolerante - não me pude negar por mais momentos: sou uma borboleta; uma mulher alada.
O que existe de brilho e amor meu peito transforma agora num louco sonho com estrada de pedras.
Já não posso ter nuvens densas de algodão.
Já não posso ser a janela de um tabernáculo.
Já não posso estar um pouco ao seu lado.
Sou uma loba agora, uma loba quieta.
Eu convido o que surgiu do nada para caminhar comigo.
Estou nua e crua.
Sou falta de compreensão desejada.
Tenho articulação de deuses.
Meu senhor, em busca de emoção e mais que isso, amorteci sua solidão.
E tudo que me deste m troca foi teimosia e inércia.
- Régia Ribeiro.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Fábula galante
Estava a garota quietinha em seu lugar quando um ogro apareceu:
- Está ocupada, magrela? - disse ele direcionando o olhar guloso para o colo da garota. - Que cordão bonito esse aí que você tem. Quer trocar esse adorno por um de meus anéis prateados? - e ele lhe mostrou anéis artesanais bonitos e gigantescos.
Ela olhou, olhou...
O sol já começava a se pôr. O vento soprava devagar canções de devaneios.
A garota ensaiou mentalmente o que dizer. Sorriu. Abriu a boca:
- Tenho uma ideia melhor, seu ogro: soube que você usa uma jóia onde ninguém pode ver. Eu quero a jóia em troca do cordão.
O ogro riu de lado. "Magrela safada" ele pensou, mas nada disse, pois queria demais aquele cordão. Arriou as calças em frente a garota e arriscou:
- Para quê você quer uma jóia como esta?
- Vou dizer que foi meu namorado ogro quem me deu e todos acreditarão que namorei um ogro de verdade: será uma espécie de troféu.
O ogro se assustou. Fitou-a com uma cara de "será possível uma coisa dessas acontecer?" e devagar retirou a jóia do membro flácido e depositou nas mãos da garota de olhar divertido.
A garota segurou a jóia, tirou o cordão do pescoço e entregou ao ogro.
Depois ela foi embora deixando o ogro parado olhando para sua nuca jovial.
Ele amou admirar aquela nuca: tornou-se seu paraíso: o único lugar onde ele poderia olhar sem ser visto.
Obs; É muito fácil cair do céu. O abismo te chama e você responde. O abismo me chama e me confunde.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
BANIMENTO ESPONTÂNEO
Nosso encontro, atigamente verdadeiro, já não passa de imaginação
Sinto a falta de tuas mãos que nunca me tocaram de forma inexata
Você me ama mas já não concretiza, apenas me procura
Seus olhos já não me olham ao longe
E eu, já não tão paciente, caminho com meu coração vaidoso nas mãos
Oferto ritos cruéis de paixão e me escondo do sorriso simples
Percorro o mesmo caminho de todos os dias
A hostilidade com que escrevo me liberta de amores suicidas:
minha trágica verdade
Não posso estar feliz nos bares infectos que frequento
Enquanto a cabeça tomba de lado e no copo já não cabe meio trago de cachaça
Sonho com a tragédia oculta em nosso quarto
Sou soberano de um mundo temeroso
Descanso nos abraços de quem ousar me levar
porém me mantenho calado, pois tudo que posso dizer criará um novo mundo de fantoches - e isso me despertaria sóbrio mais uma vez
Sou a fera caminhando para o penhasco
Longe de todos
Sou movimento insano: a Babilônia me sorri
O salário do pecado é a morte
O diabo é o pai da morte
Mas os injustos ainda têm esperança
Meu olhar vagueia vendo cabritos macios entregues as convenientes explosões das maiores guerras
Hoje me vejo contente em meu exílio
Hoje sou sensual como o canalha original, que se apresenta em todos os picadeiros - o fracasso me encarava atordoado, procurando alguém que o entendesse - Hoje eu me encontro como sempre fui: sem confusão
De peito aberto, longe de tudo
Covenço-me com meus próprios argumentos
Sou o príncipe dos principados
E tudo que ousei imaginar existiu de forma assombrosa, pois sabia-se censurado desde o início
E, de cima de meu penhasco, eu não mudei o mundo
EU MUDEI MUNDOS.
- Salvador Rios.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
domingo, 6 de junho de 2010
Andando pelo mundo, a cabeça a pesar (e minhas perguntas, há tanto tempo sem respostas, começam a descrever minha natureza inconsequente). Comecei a ficar aflita por mãos fortes e licor fino misturado à soda; desejo profundo pelo que submete. Procuro não deixar que nada me escape e não devo, de qualquer forma, deixar-me escapar. Saio andando, duelando com o que deve acontecer, no entanto, finjo portar armas brancas, brilhante aço de armas novíssimas. - Cogito abandonar velhos hábitos baseados em coisas exatas. - Nada me impede de seguir em frente: afinal o que poderia me afetar? Meu mundo não é novo. Mas há sempre a novidade dos quartos onde só cabem dois corpos – finjo, mas não fujo.
O que restará de mim quando isso acabar? Desejarei algo que entorpeça? Chegarei a um ponto consensual devido ao desgaste e ao uso que eu faço de mim mesma? A minha indefinição e a minha busca, por uma transformação que me deixe completa e perfeita, beiram a fanfarra, a parada, a moral, a mancha na imagem, a desordem e tudo o mais humanamente esperado.
Ouso ser.
Revelo-me em movimentos bruscos e passos leves. Conheço todos os labirintos que cruzo até o cansaço. Lembro de Àlvaro Cirne: quem não me amaria se um dia acordasse prostituta cristã tornada poeta?
- Justine Febril.
Papo de anjo.
Se é para lembrar do passado,
então preste atenção:
lembre que você, meu bem,
sempre foi mais raso que o chão.
Quer saber?
O tempo agora não é mais da gente;
passado é o caralho,
o que importa é o presente!
Que pena para você que tudo acabou
O teu lado agora é esse aí
Eu agora te escarro
Meu mundo vai sacudir.
Não sinto muito você ir embora
Agora você tá de regime
Você não tem mais minha torcida
quem dirá montar um time.
Agora eu sei do resto
Quero viver de zoação
Não fala comigo que eu não presto
Vou magoar outro coração.
- Justine Febril.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
É noite agora
Faz frio dentro de mim
Minha conduta é um silêncio absurdo
A vitória constante é ver o sol teimando em nascer
O amor só dura em liberdade, Raul?
Claro.
Mas os direitos partilhados nos livram de nossos monstros
Os fantasmas vão embora do espelho
O fogo, o poder, a fanfarra, o torpor, a ordem
Viva agora
Viva os anos de sua juventude
Para quê mais sua beleza lhe serve
Se tudo que existe é vaidade?
Depois, aquieta-te
Aquieta os pulos do coração
Porque a quietude permite enxergar que o mundo não é apenas lodo
Como se pensava.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Jump fool, jump.
What more can I say about Our life? We are now realizing this, what cant be put into words or thoughts, yet is growing right here where we are writing/reading, is Who We really are: fools. You cant think it or say it but you are it, dig? It is no-thing, no-where or no-when yet its is closer to you then any-thing. Its only how easy it is to realize this that keeps you away.
It is not so good or bad to say:
"Dia após dia, sozinho na colina
O homem com um sorriso bobo está perfeitamente parado
Mas ninguém quer conhecê-lo,
Pode-se ver que ele é só um bobo.
E ele nunca dá uma resposta .....
Bem no caminho, cabeça numa nuvem,
O homem de mil vozes, falando perfeitamente alto.
Mas ninguém nunca o ouve,
Ou o som que ele parece fazer.
E ele nunca parece notar .....
E ninguém parece gostar dele,
Eles podem adivinhar o que ele quer fazer.
E ele nunca mostra seus sentimentos,
Ele nunca os ouve,
Ele sabe que os bobos são eles,
Não gostam dele...
Mas o bobo na colina
Vê o sol nascer e se por
E os olhos em sua cabeça
Veem o mundo girando ao redor"
- Paul Maccartney, The Fool on the Hill.
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