Echo, echo, echo(...)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Fábula galante


Estava a garota quietinha em seu lugar quando um ogro apareceu:
- Está ocupada, magrela? - disse ele direcionando o olhar guloso para o colo da garota. - Que cordão bonito esse aí que você tem. Quer trocar esse adorno por um de meus anéis prateados? - e ele lhe mostrou anéis artesanais bonitos e gigantescos.
Ela olhou, olhou...
O sol já começava a se pôr. O vento soprava devagar canções de devaneios.
A garota ensaiou mentalmente o que dizer. Sorriu. Abriu a boca:



- Tenho uma ideia melhor, seu ogro: soube que você usa uma jóia onde ninguém pode ver. Eu quero a jóia em troca do cordão.
O ogro riu de lado. "Magrela safada" ele pensou, mas nada disse, pois queria demais aquele cordão. Arriou as calças em frente a garota e arriscou:
- Para quê você quer uma jóia como esta?
- Vou dizer que foi meu namorado ogro quem me deu e todos acreditarão que namorei um ogro de verdade: será uma espécie de troféu.
O ogro se assustou. Fitou-a com uma cara de "será possível uma coisa dessas acontecer?" e devagar retirou a jóia do membro flácido e depositou nas mãos da garota de olhar divertido.
A garota segurou a jóia, tirou o cordão do pescoço e entregou ao ogro.
Depois ela foi embora deixando o ogro parado olhando para sua nuca jovial.
Ele amou admirar aquela nuca: tornou-se seu paraíso: o único lugar onde ele poderia olhar sem ser visto.





Obs; É muito fácil cair do céu. O abismo te chama e você responde. O abismo me chama e me confunde.

Nenhum comentário:

Postar um comentário