Echo, echo, echo(...)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Momento ìntimo



Encostei minha cabeça em seu peito como forma de terapia.

Fiquei lá todo indefeso, incapaz de impedir o que você queria fazer, tendo de agüentar você sendo má – eu sei que você sabe como fazer isso.

Então adormeci e tive um sonho parecido com o de Jacó: anjos andando por uma rampa nas duas direções, descendo do céu e subindo até ele.

Quando acordei minha cabeça já não estava em seu peito, nem você estava mais lá. Seria possível negociar com Deus?

“E para que serve a alma se não a puderes negociar?”- era o que tinha lido num daqueles livros silenciosos que me encaravam diariamente.

E aí se formou um estranho alarido dentro de mim e eu quis te telefonar para saber como estava, o que me foi assustadoramente estranho

já que nunca me importei realmente com isso.

Eu liguei, mas ninguém atendeu.

Então eu virei para o lado e dormi. Decerto amanhã tudo estará bem.




-Salvador Rios*, 2005.
Texto publicado originalmente em: 27 de novembro de 2009

 

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