Echo, echo, echo(...)

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Insone



Ela chegava em casa após atravessar a cidade em sua bicicleta amarela. Abria a porta do quartinho onde morava. Sentia-se só – precisaria de uma terceira mão para contar nos dedos as noites em que não conseguia dormir. Não tinha uma carreira de sucesso. Não estudava. Não perdia o controle – um controle obviamente comandado pela depressão. Era insignificante dizer que ela não bebia mais café e não escrevia cartas de amor. Tinha dor de cabeça aos sábados. Quando dormia era mal vestida e nunca tinha sonhos de contos de fadas. Conversava entrelinhas. Era uma garota malvada. Gostava de jogos sexuais. Mas no outro dia estava sempre só.
Quando eu entrei na sua vida àquela madrugada fui apenas mais um: deitei em sua cama e rolei como um suíno em todo o seu confortável abraço. Quando estava esquentando vesti minha roupa e beijei sua boca espremendo-lhe com força os lábios. Então de repente ela estava só: o outro dia chegava rápido demais.

- Salvador Rios.

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