Echo, echo, echo(...)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009


Elena passou a infância feliz aprisionada num corpo de meretriz cercada por livros empilhados nas estantes. Aos 20 anos freqüentava reuniões regadas a vinho e rostos sorridentes. Apaixonava-se com a mesma freqüência que se desapegava: tarde demais. Matinha o semblante radiante cheio de maquiagem incolor. Tinha olhar rebelde e suas magras pernas estavam sempre cruzadas ao sentar (achava que era Cristo). Pensou que poderia escrever facilmente sua vida entre as horas em que flertava descaradamente com contratempos decentes. Vivia devagar. Afetada demais. – Seu único erro realmente. Ela desabrochava tentando agradar o mundo com suas quatro condições para ser feliz: hábito, consolo, desejo e esquecimento. Talvez descumprisse essas ideias quando retornava cansada para casa pela manhã. – Nessas horas sempre tropeçava chegando por vezes a berrar palavrões. Estava sempre disposta a se dar completamente (poderia cair e morrer mil vezes).
Ela jogava muito bem, era o que todos diziam.
E ela era apenas uma menina aprisionada num corpo de meretriz.

Obs.: Na foto, cena de Amores Perros.

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