Echo, echo, echo(...)

terça-feira, 9 de março de 2010

Finnegans Wake X Skreemer


Estava comentando com Alisson da Hora sobre um de meus quadrinhos prediletos – Skreemer, que é uma história de mafiosos num mundo em crise (série limitada em 6 edições) – e vendo o título da edição número 6 – O Despertar de Finnegan – não pude deixar de me lembrar de Joyce.
Genialmente escrita por Peter Milligan com ilustrações de Brett Ewins e Steve Dillon, nessa HQ nós podemos acompanhar a ascensão do gangster, Veto Skreemer, à posição de "presidente" do país - mesmo à custa de amizades cultivadas desde a infância. - Veto faz sua escalada do poder através de muita violência e fazendo diversos inimigos. - Paralelamente, desenrola-se a história de um pai de família, Finnegan. - Finnegan é um homem pobre (um homem bom, mas que ultrapassa os limites da mediocridade, criando uma nova categoria para a palavra). Ele tenta levar sua vida honestamente, criando seus filhos e dando amor e carinho para sua esposa. Claro que seu caminho e o de Skreemer se cruzam - de forma trágica, beirando a insanidade. Enquanto isso, quadrilhas rivais se organizam para tomar o poder das mãos de Veto Skreemer.
“Apesar do resumo futurista, o visual meio retrô remete à era atual”. As sequências de flash back são mostradas com uma coloração em tom pastel, meio rosadas ...
Acho que o fato de eu haver lembrado do romance de Joyce, Finnegans Wake, ficou atrelado ao fato de a HQ ter uma narrativa onde fluem recordações dos personagens, estilhaçadas, entrelaçadas - além, é claro, de um dos personagens chamar-se Finnegan e ficar cantarolando a canção popular que também aparece no livro.
Li em algum lugar que o título traduzido, o despertar dos Finnegans, sustenta a substância onírica do romance. Na mesma leitura encarei os seguintes questionamentos: Quem são os Finnegans? Todos os homens? E por que não?
Ah, senhores, repetidas leituras não esgotam a reserva das criações joycianas. E cada vez que se lê, encontra-se alguma variante antes despercebida. – como no filme Abre Los Ojos, de 1997, que teve uma versão americana 4 anos após – Vanilla Sky. Eu assisti o primeiro 2 vezes e o segundo 4. E em todas às vezes descobri uma novidade. Claro, que é apenas uma comparação comportamental de como eu me senti ao assistir os filmes onde o exemplo se encaixa perfeitamente com o sentimento de ler Joyce pela enésima vez e ainda assim descobrir uma novidade no corpo do texto. - Ainda bem que posso me encontrar na busca pelo conhecimento que é sempre a mesma aventura de cada um. Espero que vocês realmente tenham essa mesma sede, senhores.


Obs.: Dica de leitura: O Céu que Nos Protege – The Sheltering Sky, 1954 de Paul Bowles.
Obs 2.: Diga de filme: O Passado - El Pasado, 2007. Com Gael Garcia Bernal.
Obs 3.: Dica de música: (clássica) All We Are, (na voz da fantástica Doro Pesch) do Warlock.
Obs4.: Na foto: Emerson Junyor, Eduardo Grunge e Narayana Ribeiro - pesos pesados.

3 comentários:

  1. Você falou tão bem da HQ que eu vou catar pra ler. Logo!

    :***

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  2. Leia, da Hora. Leiam, senhores. Eu recomendo.

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  3. E como diria Ricardo Rhalah, citando Mettalica: (...)and justice for all!

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