Echo, echo, echo(...)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Hoje eu sou mais eu


O meu termômetro foi a mil quando toquei em suas mãos pequenas ao sermos apresentadas. Não era impossível que eu a tivesse em minha cama, afinal ela não era difícil de ler e eu fazia minha parte: convites lançados sem dó eram emitidos.
E baseei tudo que pude inventar sobre desejo depois que a vi. Eu a retratei, a reparei de qualquer artifício, declarei meu coração desnudo enfim.
Em poucos instantes ela me levou pelas nuvens de meu Salvador e acalentou-me nos Rios de meus lençóis. A carne perfumada no meio das pernas cheias de mel, a língua que me parecia ter três pontas me trazia lembranças dos quartos baratos em que você um dia me levou.
Ela apreciava que eu bebesse vinho e quando me beijava dizia ter sempre uma sensação de uma viagem de ópio descrita pela Srta. Nin em seus diários.
Aquela menina foi minha companheira eterna, durante uma semana, antes de eu apresentá-los formalmente e você arrancá-la de mim com seu sexo estúpido que eu tanto aprecio.
Ela gostava quando você chegava de surpresa e inseria suas palavras de cafajeste em nossos ouvidos, ela decerto apreciou esse rito mais que eu, já que me tratava como uma simples voyeur e eu aceitava, pois estava ardente e a febre nunca baixava. O meu quilate a tremer durante o dia: eu era porta bandeira de mim. Gostava de beijá-la longa e pausadamente, e de sugar-lhe os seios pequenos como os de uma criança aos 18, e o mais importante: segurá-la para que você a penetrasse fazendo parecer que era contra a vontade dela. Ela pedia por isso sem dizer uma única palavra, ficava lá com aquela cara de suplica, aquela cara de safadinha dengosa. - Nunca se perdia quando nós mudávamos de posição. E eu sempre ali no meio infinito de nosso mundo particular.
Não sei bem em que instante a pequenina e também gigantesca menina tornou nosso mundo portátil. Não tínhamos nada para esconder aqueles dias... Ela olhava para minha boca sussurrando obscenidades, como se lesse meus pensamentos, mas gostava mais de você que de mim, e deixava que você se deleitasse entre suas ancas estreitas e a lambesse como um cachorro vadio. E você lá no meio, obediente, vagaroso, paciente... Eu me entorpecia com aquela sede que me invadia ao ver vocês, ao participar do coito com vocês... Bebia da água potável que me era oferecida, sabia que daquela fonte eu podia beber.

Hoje não tenciono mais isso com você, nem com ela. Hoje eu sou mais eu.

- Justine Febril.


Obs.: “(...)ela me levou pelas nuvens de meu Salvador e acalentou-me nos Rios de meus lençóis.(...)” pequena alusão ao brilhante canalha original, Salvador Rios.
Obs2.: ”(...)E quando me beijava dizia ter sempre uma sensação de uma viagem de ópio descrita pela Srta. Nin.(...)” alusão à Anaïs Nin.
Obs3.: “(...)me tratava como uma simples voyeur e eu aceitava, pois estava ardente e a febre nunca baixava.(...)” alusão ao próprio nome, Justine Febril.
Obs4.: Justine Febril é pseudônimo de Narayana Ribeiro.

7 comentários:

  1. Sagaz, sagaz, muito sagaz...virei fã, definitivamente...

    =***

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  2. Continho delícia. Bem ao gosto dos meus outros eus. Beijo na autora.

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  3. Adoro esse carinho todo. Muito, muito.

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  4. oi amore.
    já estou lhe seguindo. só queria dizer que as coisas andam meio atrapalhadas, mas se resolverão. meu pai me ajudará com o computador, levará uns dias, mas tudo dará certo e poderei escrever com regularidade. com paciência chegaremos lá. beijão,

    eu =)

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  5. Relaxe, gata! Aposto na sua competência!

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  6. Muito, mas muito bom mesmo!Sensual e explícitamente belo!

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