Echo, echo, echo(...)

domingo, 18 de abril de 2010

Deus é o único ser que para reinar nem precisa existir.


Encontrei a definição do Belo - do meu Belo. É qualquer coisa de ardente e de triste, qualquer coisa um pouco vaga, deixando caminho para a conjetura. Vou, se quiserem, aplicar minhas idéias a um objeto sensível, ao objeto, por exemplo, mais interessante da sociedade, um rosto de mulher. Uma cabeça sedutora e bela, uma cabeça de mulher, digo, é uma cabeça que faz sonhar a um só tempo - mas de uma maneira confusa - com volúpia e tristeza; que comporta uma idéia de melancolia, de lassidão, até mesmo de saciedade - seja uma idéia contrária. Quer dizer, um ardor, um desejo de viver, associado a um azedume em refluxo como se vindo da privação ou da desesperança. O mistério, o desgosto, também são características do Belo.

Apoiado sobre - outros diriam: obcecado por - essas idéias, acho que será difícil não concluir que o tipo mais perfeito de beleza viril é Satã - à maneira de Milton.

- CHARLES BAUDELAIRE - JOURNAUX INTIMES.

Obs.: Na foto, a definição do belo em forma humana: Narayana & Radharani.

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