Echo, echo, echo(...)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Florbela, você ainda me Espanca.


Estava conversando sobre diversos poetas com o prof. Alisson Diêgo quando ele me contou que Florbela Espanca foi apaixonada pelo próprio irmão, mais que isso: os poemas ardorosos que ela escrevia eram para esse irmão a quem ela queria como amante.
Bom, minha atenção sempre se volta para a essência da poesia, na busca da qualidade quando a leio: Florbela sempre me trouxe a forma sedutora de aliciar o leitor amante da poesia genuína, mas saber de sua obsessiva paixão pelo próprio irmão e de gestos tão emocionantes devido a esse sentimento que, claro, não poderiam ser correspondidos, senão “por debaixo dos panos,” fizeram-me ficar surpresa – mesmo tendo lido A Casa dos Budas Ditosos e gostado. Visualizei conscientemente a razão ou raiz da estranheza absoluta nessa história fantástica, mas emocionante, com uma força enorme: nós não somos, em essência, seres sedentários, nossos espíritos estão em constante busca pelo saber: somos peregrinos.
Sabendo que assim como enlouquecer, apaixonar-se também é um ato natural ao ser humano não pesquisei se a história que o Professor me contou era verdadeira ou tinha embasamento, pois acredito que sem realismo trágico ou sem realismo mágico a poesia de Florbela me faz querer ser em algum momento um personagem amado acima de tudo, com fervor.
Todo esse encantamento está presente em nossa vida: encontrar na poesia um voo misterioso, carregado de emoção.
Ah, sobrevoar os lugares de seu cotidiano. Essas sensações se sobrepõem a quase tudo, atrelado ou perdido no espaço.
O tempo passa a não contar mais e nossas próprias nuances solitárias passam a ser vistas de forma poderosa, firme.
Eu sempre amei o poema Fanatismo, belamente musicado por Raimundo Fagner.
Os poetas originais não se limitam numa questão de poetar por poetar: eles captam gestos e sons, incursionam nos medos, segredos, destinam-se à magia de instantes perdidos e achados no tempo em que passam por aqui.
Florbela debrua as emoções com ternura febril, com paixão à flor da pele.
Então lembrei do doce Khalil Gibran, que poderá, por que não, ser tema de uma outra postagem.
Encerrarei hoje com um poema do grande Álvaro Cirne, espero que os senhores gostem:

"SEXO ORAL

Você me beija
Eu falo."

Obs.: Na foto, Florbela Espanca by Botelho.

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