Echo, echo, echo(...)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Nem todos os meus amores eu posso declarar impunemente.


Podia deixar que você permanecesse parada em frente ao espelho gótico. Poderia sonhar com você em ataques burlescos profundos e estranhos como tua voz cantando Jeff Buckley – adoro Jeff Buckey. Gosto de te ter lutando, ter-te sonhando molhada na cama, gosto de te ver querendo, rebuscando aquela vontade perdida entre os lençóis gastos de tantas noites bem dormidas desde a nascença, durante minha presença entre suas costelas revestidas de carne apetitosa. Eu pude vê-la decepcionada e cheia de olheiras durante dias e dias. Posso ajudá-la a nunca mais voltar. Poderia correr ao seu lado ao invés de montada em seu lombo como um fardo enquanto estiver prodigalizando-lhe caricias mentais durante nossos encontros diários em frente ao espelho. Poderia ser sua amiga ao invés de habitar-lhe as entranhas tão vivas. Quando decidiu ser mais aplicada que de costume eu estava lá também. E quando decidiu ficar inerte eu tive que me submeter. Você acha que está fraca e velha? Eu não estou nem fraca nem velha. Pude conviver com sua resignação noturna, pude calar quando senti que a voz que saia pela garganta era apenas sua. Mas não podia deixar que você ficasse parada bem no centro do mundo girando doido e cheio de glória. Não, Justine, eu não gosto de saber, mas sempre me lembro de que eu sou você.

-Cassandra Elena.

Obs.: O titulo desse post é uma frase que roubei, descaradamente, do Edson marques.

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